quarta-feira, 14 de junho de 2017

Dendê: ofuscado pela soja, ainda pode ser uma boa alternativa para fins energéticos

Uma das oleaginosas mais importantes hoje a nível mundial, o dendê é mais conhecido no Brasil pela aplicação na culinária baiana, sendo imprescindível o azeite de dendê para a fritura de um acarajé legítimo e também é apreciado no tempero de moquecas e outros pratos que levam frutos-do-mar, mas também se revela como uma boa alternativa tanto como matéria-prima para biocombustíveis como ainda pode ser utilizado como lubrificante em substituição a óleos derivados de petróleo. No entanto, diante da maior popularidade do óleo de soja no Brasil, o dendê tornou-se um ilustre desconhecido para uma parte considerável da população até que o óleo de palma recuperasse algum prestígio junto à indústria alimentícia como substitutivo para as "gorduras trans" hidrogenadas por volta de 2005. Apesar de problemas observados na Malásia, onde a maior parte do azeite de dendê consumido no mundo é hoje produzida e cujo desmatamento para dar espaço às plantações tem destruído o habitat natural dos orangotangos, o cultivo pode ser feito em algumas regiões do Brasil com um impacto ambiental menor, até mesmo na Amazônia.
Adequado ao cultivo em regiões úmidas, o dendê não apenas se adapta bem às condições de florestas tropicais como também pode ser integrado à recomposição de matas ciliares, sendo útil para prevenir deslizamentos nas margens de alguns rios, e já chegou até a despertar alguma atenção da EMBRAPA Amazônia Ocidental (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) que estabeleceu ao menos uma plantação experimental em Manaus. Nesses tempos em que a expansão das fronteiras agrícolas é um tabu, a possibilidade de aproveitar e revitalizar áreas degradadas já parece uma boa justificativa para fomentar o cultivo do dendê. Subprodutos da extração do azeite de dendê e do óleo de palmiste (extraído da semente ao invés da polpa do fruto do dendê), as "tortas" também podem ser aproveitados na formulação de rações para alimentação animal, em proporções que vão de 20 a 30% para espécies com um estômago simples como aves e peixes, indo a 50% para gado leiteiro e até 80% para gado de corte, o que de certa forma também se revela um bom contraponto para alegações de que a produção de etanol e biodiesel a partir de grãos tradicionalmente usados tanto na alimentação humana quanto animal como o milho e a soja viria a exercer um impacto muito exorbitante sobre o custo e disponibilidade de gêneros alimentícios em regiões mais pobres.

Além de ser uma alternativa economicamente viável para substituição do óleo diesel em geradores de energia e embarcações em povoados ribeirinhos da Amazônia, onde o custo do transporte encarece demais os combustíveis convencionais, o azeite de dendê também se mostram promissores no uso como lubrificante em função da resistência a altas temperaturas e de um alto teor de antioxidantes. Pesquisas feitas pela petrolífera estatal malaia Petronas com o azeite de dendê apontaram propriedades semelhantes à de óleos sintéticos de marcas reconhecidas internacionalmente, podendo atender até aplicações de alto desempenho mais sensíveis ao uso de lubrificantes de baixa qualidade. Pode-se chegar à conclusão que o dendê oferece uma resposta mais completa aos dilemas da substituição do petróleo em comparação a outras oleaginosas que apresentam desempenho mais restrito ao uso como matéria-prima para biocombustíveis e especialidades petroquímicas. Portanto, apesar do maior destaque que a soja tem no Brasil tanto na indústria alimentícia como na produção de biodiesel, não é justificável ignorar vantagens do dendê em aplicações energéticas.

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Nem sempre é viável manter as relações de marcha originais após converter um veículo para Diesel, em função dos regimes de rotação diferenciados. Portanto, uma alteração das relações de diferencial ou até a substituição do câmbio podem ser essenciais para manter um desempenho adequado a todas as condições de uso e a economia de combustível.

It's not always viable to retain the stock gear ratios after converting a vehicle to Diesel power, due to different revving patterns. Therefore, some differential ratio or even an entire transmission swap might eventually be essential to enjoy a suitable performance in all driving conditions and the fuel savings.

Mais informação sobre relações de marcha / more info about gear ratios
http://dzulnutz.blogspot.com/2016/03/relacao-de-marcha-refletindo-sobre.html